Sobrenatural de Almeida

Pela manhã, Almeida acordou bem tarde e fez exatamente as mesmas coisas que fazia todos os dias há muito tempo: foi ao banheiro, tomou um café com pão com manteiga e abriu o jornal do dia!

- Grande final, ora bolas.

Só se falava nisso em Copacabana. Nas janelas bandeiras, nas ruas pessoas vestidas com a camisa listrada, nos bares a certeza absoluta da vitória esmagadora.

Mas ele, acima de qualquer pessoa, que tinha sérias dúvidas da empolgação dos outros fanáticos, não acreditava mesmo.

- Eu duvido, isso sim!

Não era uma dúvida, era uma certeza. Ficou vendo televisão a tarde toda, os programas de entrevistas, o frisson, a encomenda do chope, a festa no Sambódromo, o gordo Cardiologista reconhecendo o próprio trabalho bem feito, o seu grande sucesso administrativo!

Trabalhando no Caju, ele passaria bem no meio do tumulto, como uma alma penada, uma alma perdida, mais um que passaria batido pelo templo do futebol. Até se lembrou de Nelson, seu irmão mais velho, que já tinha morrido e que também era um torcedor fanático, mas que acreditava no improvável, no sobrenatural!

E como foi difícil sair de Copacabana naquele início de noite... mas às 20:00 em ponto já estava batendo o ponto no cemitério.

Não viu nada do que se passou mergulhado que estava nos seus afazeres burocráticos de todos os dias, mas ouviu os gritos. Ah, isso ouviu! Uma, duas, três, quatro vezes e depois o silêncio.

O retumbante silêncio que se abateu. Por volta de uma e meia da manhã, pegou o seu caminho e voltou prá Copacabana, pensando no que teria acontecido na verdade.

Em Copacabana, nada.

As bandeiras já haviam sido recolhidas, as pessoas dormiam como se nada tivesse acontecido, vivendo o pesadelo da frustração.

Almeida chegou em casa, numa Cinco de Julho ainda mais silenciosa que o normal.

Nem lanchou. Foi direto da cama, com a certeza do dever cumprido, de não ter presenciado o inexplicável, não ser parte do surpreendente, de não ter nada a ver com isso tudo.

Almeida deitou e dormiu.

2008-07-03 11:24:13

PAREDES FINAS DEMAIS

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Patroa foi viajar com as crianças para o litoral, aproveitar este período de descanso da Justiça para relaxar, muito justo por sinal. Mais justo que isso foi a minha sogra ter ido junto, ficando somente eu e o gato, que a maioria aqui conhece pelo bichano gordo que divide o sofá da sala.

A empregada ficou, bem, pelo menos eu a vi pela manhã e quando cheguei em casa encontrei um monte de roupa no varal e comida no fogão, uma puta macarronada com tudo a que tem direito. E foi só. Antes isso que chegar em casa e encontrá-la com o safado do porteiro, outro que não vale nada e enche a porra do meu saco toda vez que nosso time vai jogar.

Ao contrário dos outros dias, consigo sair cedo do trabalho, sentindo até um sentimento de culpa por não conseguir fazer isso quando todos estão em casa. Sabendo que ia dividir a cama com a minha mão e o controle remoto peguei uns dois filmes na locadora, mas a julgar pela hora, com sorte chego na metade do primeiro.

Cerveja que tinha na geladeira acabou. O gato fica me rodeando mas não dou nem papo, porque comida tem, caminha quentinha só com a mamãe dele que está tomando uma puta de uma chuva na praia e ainda por cima ficou com um quarto com goteira. Não poderia ser pior. Ah, sim. Poderia,

ainda é terça, só volta sexta. Quer apostar quanto que só porque é o final de semana do de peladas da minha turma além do sol sair vai fazer um calor infernal?

A macarronada já era, aliás, estou no segundo prato. Nada pra fazer, não vou conseguir pagar minhas contas agora mesmo, deixo esta humilde mensagem com algumas constatações:

* Nada melhor do que cagar com a porta aberta, vento corrente e sem pressa;

* Meu apartamento produz muito eco, dá para ouvir o chuveiro pingando do corredor;

* Preciso abaixar o som dos meus jogos, principalmente depois de uma da manhã;

* Devia ter pegado um filme pornô, televisão aberta não acontece nem um peitinho;

* Lavar a louça para que? A empregada volta, não volta!??!?

* Ficar de cuecas na sala é o que há!

* Não tem ninguém para comprar coca cola para mim;

* O corredor é ótimo para andar de skate;

* Dá o maior eco quando se joga bombinha pela janela que dá para o estacionamento;

* Interfone toca todo dia mas não atendo;

* Alguém deixou a geladeira aberta, a única lata de cerveja ficou choca;

* Ninguém fica online no dia 2 de janeiro;

* Qualquer apartamento da Barata Ribeiro sofre de paredes finas.

Amanhã tem mais, vou dormir

porque ouvi sirenes na rua

e alguém batendo na porta.

Tomara que não seja comigo!

Texto publicado originalmente no blog

Morava em Copacabana

.

2008-06-25 14:23:56

O cheiro do éter

Vivi uma infância entorpecida pelo éter em Copacabana, para onde me mudei aos 7 anos, depois de sair da Ilha do Governador. O cheiro espalhava-se pelo Posto 5, no rastro de um grande homem andrajoso freqüentemente visto arrastando-se pela Barata Ribeiro. Ele rondava a famosa - e fechada - farmácia Piauí, quase na esquina de Constante Ramos, mas não sei se comprava o vidrinho do produto ali. Os conservadores moradores usavam aquela figura, se não me engano, chamava-se Eduardo, para afastar os filhos das drogas naqueles anos 70. Diziam ser ele um rico herdeiro que havia enlouquecido por causa de maconha, cocaína e ácido e que, agora, afastado da família abastada, pedia esmolas para comprar éter. Eu o vi várias vezes dando suas cafungadas no paninho embebido do líquido, mas nunca acreditei muito no papo da riqueza dele. Para mim, o mendigo era triste, muito triste, e isso só poderia se explicar por alguma desilusão romântica. Inventei uma história para o homem que por um tempo ocupou o lugar das minhas bonecas nas brincadeiras de desvarios. Ele não seria do bairro, mas teria ido à praia lá e encontrou uma 'cocota', por quem se apaixonou. A moça o esnobava, mas ele não ligava, só queria ficar perto dela. Nunca mais voltou para casa, vivendo da piedade alheia. O tempo passou, ela se casou com outro e mudou de lá. Alucinado de dor, o pobre passou a se anestesiar com éter. Fez voto de silêncio - realmente, nunca ouvi sua voz -, parou de tomar banho e fugiu do lugar-comum chamado realidade. Procurava seu amor contrariado sempre rondando quatro quarteirões. Em vão. Seu pé, inchado como seu fígado, sangrava, assim como seu peito. Um dia, Eduardo chorou muito, e as lágrimas cheiravam a éter. Ele, então, cobriu os olhos e o nariz com seu paninho sujo e ficou agonizando três dias assim. Depois disso, ninguém mais o viu. Eduardo sumiu. Virou folclore para os copacabanenses e marco de tristeza para mim.

Originalmente publicado por Ana Silvia Mineiro em Válvula de Escape

2008-04-27 18:31:29

Minha Copacabana

Copacabana, minha praia, minha casa, minha história....



O que dizer de Copacabana, quando se respira Copacabana, quando se vê Copacabana, quando Copacabana nos resume?



Poderia falar dos amigos, dos lugares, do visual, da brisa, das cervejas na Barata Ribeiro, da maresia na Vila; poderia falar dos meus filhos, dos passarinhos, dos micos, da mata, das bananas que minha mãe compra para dar a eles; podera falar de um amor que conheci na janela; poderia falar da mulher que me ensinou o amor, além da paixão e das primeiras visões, e que se mostra mais bela a cada dia; poderia falar da feira ou das laranjas que vêm de lá e acordam comigo todas manhãs, espremidas e geladinhas...



Poderia falar da luta de quem faz este site; poderia falar do Governador, que foi moleque conosco no Morrinho; poderia falar da minha avô Ana, que não faltava às missas de domingo na Igreja de Nossa Senhora de Copacabana; poderia falar do Padre Walter; poderia falar do meu pai que já não mora aqui; poderia falar das turmas, dos tempos e dimensões...



Mas todas as palavras não seriam suficientes para expressar o que sinto e o que Copacabana significa, penso eu, pra, mim, para as pessoas e para o mundo...



O que posso e preciso fazer é te oferecer esta sincera homenagem: Copacabana, meu planeta, minha nave...



Marco Evandro


2008-01-30 09:10:31

Beija-Flor em Copacabana

Beija-Flor desfila em Copacabana



Sampa é uma cidade dez: bons restaurantes, shows de primeira... Mas você tem que ter bala na agulha. No Rio, se estiver de caixa baixa, você vai pra praia, vai passear (ou desfilar) no calçadão. Aqui sempre pinta uma surpresa. Pode ser um súbito temporal em plena tarde de sábado, expulsando a galera da praia, fazendo voar guarda-sóis... Pode ser um ensaio técnico da Beija-Flor em plena Avenida Atlântica, O meu valor me faz brilhar, Iluminar o meu estado de amor, Comunidade impõe respeito, Bate no peito eu sou Beija-Flor. Pois é: ontem, dia de São Sebastião, só não desfilou atrás da escola nilopolitana quem já morreu. As fotos não deixam mentir. Mas como eu ia dizendo, Sampa...



Beija-Flor em Copacabana

Beija-Flor em Copacabana
Beija-Flor em Copacabana

Samba de enredo da Beija-Flor para 2008:

Macapaba: equinócio solar, viagens fantásticas ao meio do mundo

O meu valor me faz brilhar
Iluminar o meu estado de amor
Comunidade impõe respeito
Bate no peito eu sou Beija-Flor

É manhã, brilho de fogo sob o sol do novo dia
Meu talismã, a minha fonte de energia
Oh deusa do meu samba, a flor de Macapá
No manto azul da fantasia
Me faz mais forte, extremo norte
A luz solar ilumina meu interior
Vou viajar na linha do Equador
Emana ao meio do mundo a beleza
A força da mãe natureza é Macapaba
O rio beijando o marEncontro das águas marejando o meu olhar

Quem foi meu Deus que fez do barro poema
Quem fez meu criador se orgulhar
Os Cunanis, Alistés, Maracás
Foram dez, foram mais pelo Amapá

Um dia navegando nos rios de Tupan
A viagem fantasia dos filhos de Canaã
A mágica da terra a cobiça atraiu
Ibéria se enleva no Brasil
A mão de Ianejar na fortaleza pela proteção da vida
Em São José de Macapá
Brilha Mairi a minha estrela preferida
Herança moura em Mazagão
Retiro o meu chapéu de bamba e assim
O Marabaixo ao marco zero cai no samba
Soam tambores no tocar do tamborim

(Autoria de Cláudio Russo, Carlinhos Detran, J. Veloso, Gilson Dr., Kid e Marquinhos)

Texto e Fotos do Ivo Korytowski - ivokory@gmail.com - em http://literaturaeriodejaneiro.blogspot.com/2008/01/beija-flor-em-copacabana.html

2008-01-28 09:10:47

Ufanamente Copacabana

Faz pouco tempo que retornei ao Rio, após uma fria temporada nos pagos meridionais do Brasil. E de volta à terra abençoada por Deus e bonita por natureza, não podia cair em lugar melhor do que este, o meu planeta Copacabana. Assim inauguramos o Meia Sinapse: com uma pequena e já saudosa louvação deste bairro singular. Claro que faltam os bares, restaurantes e outros cantinhos menos ou mais famosos do cenário, lugares dos nossos amores, causos e reminiscências. Fica pra próxima!

Be my guest…

Na conhecida faixa de terra de quase um quilometro de largura e mais de quatro de extensão, espremida entre o mar e a montanha, existem apenas setenta e oito ruas, cinco avenidas, seis travessas, três ladeiras e seis acessos viários. Muitas são as maneiras de se olhar Copacabana. Nessa multiplicidade de ângulos, talvez o melhor para desenhar os seus contornos seja o da sua gente. Aqui estão cerca de 200 mil moradores, boa parte dos quais acompanharam as transformações das últimas décadas: são as pessoas com mais de 60 anos – cerca de 25% da população aqui, bem mais do que a média nacional, que não passa de 10% - que formam o saudoso grupo da terceira idade. No outro extremo, mas disputando a mesma praia está a a galera jovem, também muito numerosa na área.

Na geografia humana de Copacabana a imagem da “cidade partida”, apropriada para descrever o espaço social do Rio de Janeiro e do próprio Brasil, ganha nuances de contraste. Praticamente toda a limitada área do bairro está ocupada. A maioria das pessoas espalham-se pelos milhares de edifícios residenciais, desde os suntuosos e históricos prédios à beira-mar até outros mais simples, em cantos mais modestos do bairro. Parte da população concentra-se nos morros, em seis comunidades: Babilônia, Chapéu Mangueira, Cantagalo, Pavão-Pavãozinho, Tabajaras e Cabritos. Mesmo o espaço público possui sua população flutuante de adultos e crianças.

Mas existe no bairro uma outra multidão, há ainda, mais lutas, movimento e barulho. A população praticamente duplica todos os dias, gente dos quatro cantos do Rio que passa ou faz a mini-cidade funcionar. Aqui buscam seu sustento e para cá trazem e deixam um pouquinho de si em trabalho e cultura. E a “jovem senhora” demonstra sua gratidão, acolhendo a todos sem distinção de classe, credo, etnia ou sexo, tornando-se informalmente uma espécie de “capital espiritual do Rio”.

Também vale lembrar que não é apenas o Rio de Janeiro que está em Copacabana: o mundo todo encontra aqui o seu espaço. Dos cerca de 25 mil apartamentos da rede hoteleira da cidade, nada menos que dois terços estão no bairro. A maioria dos visitantes prefere um hotel simples na princesinha do mar, do que um cinco estrelas na Barra. Andar pelo calçadão da avenida Atlântica no verão dá esta dimensão transcultural, já que em poucos outros lugares ouvem-se tantos sotaques e línguas diferentes lado a lado.

Na convergência de todas estas diferenças, torna-se cada vez mais difícil definir Copa de maneira unívoca. Se cada bairro tem sua característica peculiar, no imaginário sobre a Cidade Maravilhosa apenas Copacabana tem a capacidade de reuni-las todas, no exótico contorno de suas pessoas, ruas, montanhas, praia, histórias e história.

Ah! Sua história… Um dos lugares mais cosmopolitas do Rio, a visão atual de Sacopenapan, “aves de pernas grandes” num dialeto indígena – deixaria estupefatos seus antigos moradores Tamoios. O cenário mudou radicalmente desde aquele tempo: desapareceu a pedreira do Inhangá, que separava as praias do Leme e de Copacabana, ergueu-se a muralha de edifícios defronte à orla - onde estão alguns dos primeiros e principais expoentes do art déco no Brasil.

Do mar das lendas e tradições, emerge uma interessante história sobre o nome do bairro. Nos altiplanos andinos, às margens do Lago Titicaca, há uma península, outrora chamada na língua quéchua por Qopaq hawana, “mirante do azul”, donde se tem a linda vista da fusão entre o céu e o seu reflexo no lago. Com a dominação espanhola, logo o lugar tornou-se ponto da devoção católica de Nossa Senhora de Copacabana. Ainda no século XVI, comerciantes espanhóis trouxeram para o Rio de Janeiro objetos religiosos ligados à santa boliviana e ao final do século XVII, a igrejinha construída onde hoje se localiza o Forte de Copacabana, já era bem conhecida de romeiros e viajantes.

Área de difícil acesso, incrustada entre altas e verdes montanhas, Copacabana permaneceu praticamente isolada do centro do Rio, até o final do século XIX. Além do Forte do Leme e de algumas poucas chácaras e sítios, onde se refugiavam em veraneio os mais abastados da capital, dentre eles o próprio Dom Pedro II, apenas uma restrita população de pescadores habitava o local.

O difícil acesso foi superado em 1892, quando a Companhia Ferro-Carril do Jardim Botânico, mais tarde comprada pela Light, abriu um túnel através do Morro de Vila Rica, estendendo sua linha de bondes de Botafogo para Copacabana até onde hoje se localiza a Praça Serzedelo Correia. No dia 06 de julho de 1892 foi inaugurado o Túnel Real Grandeza (nosso Túnel Velho, chamado oficialmente hoje de Alaor Prata), em cerimônia prestigiada pelo Mal. Floriano Peixoto, então Vice-Presidente da República, data que se tornou uma referência para o aniversário do bairro.

Logo que a linha do bonde ampliou-se em direção ao forte do Leme e à igrejinha (o Forte de Copacabana seria construído apenas em 1914), abriu-se o caminho para o surgimento de ruas e a proliferação de loteamentos. No início do século XX, sob a gestão de Pereira Passos, foi aberto o Túnel do Leme. No mesmo ano de 1906, foi inaugurada a avenida Atlântica, que com as ondas de seu calçamento-mosaico de pedras portuguesas se tornaria o símbolo maior do bairro e da própria cidade.

Em 1922, ano em que acontecia em São Paulo a Semana de Arte Moderna, ocorreu o episódio conhecido como a Revolta dos Dezoito do Forte de Copacabana. Militares contrários às oligarquias da velha república, rebelaram-se no Forte, e depois de frustradas negociações e a desistência da maioria dos participantes, restaram amotinados apenas dezessete militares e um civil, dos quais dezesseis foram mortos na praia. Os Dezoito do Forte tornaram-se símbolos da resistência à velha ordem e da luta pela modernização do país.

Ainda na década de vinte, foi inaugurado o Hotel Copacabana Palace, trazendo para o bairro festivos bailes e personalidades internacionais. A partir dessa época, a elite urbana do Brasil composta por intelectuais, artistas e estrangeiros instalou-se no bairro e as casas passaram a dar lugar a grandes edifícios, tornando a paisagem símbolo de prosperidade e modernidade. Hoje restam pouquíssimas casas, verdadeiros memoriais dessa época que já passou. Paralelamente, já marcando a vocação do bairro à diversidade e contrastes, a ausência de políticas habitacionais apontando o abismo social crescente do país, consolidou-se a favela no cenário de Copa com o início da ocupação dos morros do Leme e Tabajara.

Nos anos 40 e 50, Copacabana concentrava grande parte da vida cultural e noturna da cidade, fermento donde surgiram os primeiros acordes da bossa-nova. Junto a isto, a infra-estrutura, a ampla rede de serviços e a invejável orla de areias claras fazem do Rio de Janeiro, sonho de consumo mundo afora. A população jovem dos prédios formava as famosas “turmas”, ainda hoje lembradas com nostalgia e carinho pelos moradores mais antigos.

Copacabana caracteriza-se pela rapidez de seu crescimento e de sua interminável reconstrução. A partir dos anos 60, o bairro famoso passou a atrair cada vez mais gente, em busca do status que conferia. O desenvolvimento rápido e desordenado levou Copacabana a tornar-se uma espécie de segundo centro da cidade, lugar de circulação diária de milhares de pessoas.

As transformações e os contrastes fazem do bairro uma enorme síntese estético-social do país: o melhor e o pior, o feliz e o triste, o feio e o belo, o rico e o pobre, juntos lado a lado, numa incessante dialética de confronto e troca. Aqui se formou um gigantesco espelho onde nossa gente vê um pouco melhor o próprio rosto e silhueta, neste lugar onde o Brasil é mais brasileiro.

~ by Marcio Anhelli on November 9, 2007.

2008-01-14 18:17:29

Por um relógio novo!

Ô ano que num acaba esse tal de 2007... agora só se fala no infeliz que por usar relógio analógico quebrou o esquema milionário e cenográfico da Prefeitura! Só precisou dum clique e babou tudo! Só em Copacabana!

A contagem? Ah, desconta, tá?

2 milhões de pessoas na festa de Copacabana e 6 baleados, dois mortos - um de bala perdida e a outra caiu da janela num prédio na Barata Ribeiro... mas, entre mortos e feridos, salvaram-se todos!

Antecipado ou não (será que Freud explica isso? 2007 nem foi um ano tão ruim!) o fato é que o espetáculo dos fogos é algo alucinante, um momento de catarse coletiva, onde todos os olhos se voltam pro céu, e é impossível pensar em mais nada além dos fogos! E isso é bom porque temos a certeza que pelo menos naqueles 10 minutos iniciais (eu duvido que você também não tenha achado over e depois de algum tempo também tenha acordado do transe) não pensamos em nada egoista, nada ruim e talvez isso seja paz!

Vista de todos os ângulos (de qualquer mesmo) a festa de Copacabana é o máximo! E eu ainda me lembro quando ainda não havia nada disso, só as pessoas soltando rojões e morteiros da praia e o primeiro Reveillon com a cascata do Meridién, e nem faz tanto tempo... virou esse super-espetáculo em, sei lá, 30 e poucos anos? 30 e poucos anos... nossa! Como a perspectiva fica diferente.

Mas foi de comemoração de vizinhos prá referência mundial em Reveillon, naquela que é a referência mundial em Praia! Só em Copacabana mesmo e olhando assim faz todo sentido!


Revellon 2008 em Copacabana


2008-01-02 12:59:59

2007... atualização! Em 2008... inovação!

Se você acompanha o nosso site, percebeu que em 2007 o Copacabana.COM consolidou seu conteudo atualizando centenas de páginas e todas as biografias, incluindo várias dezenas de fotos na nossa galeria, fizemos testes com vídeos e os implantamos em muitas páginas com grande sucesso e enorme receptividade por parte dos nossos visitantes!

Em 2007 nos iniciamos de forma profissonal no comércio eletrônico, onde começamos a entender o que nosso público precisa, quando interessa e fazendo com que a sua experiência dentro do site seja cada vez melhor e integrada com seus desejos.

Iniciamos a implantação dos Google Maps, através da plataforma de programação, onde pudemos criar aplicativos funcionais como o mapa que exibe a localização dos hotéis em Copacabana e também permite que você faça sua reserva de hotel e pousadas a partir do mapa e os mapas das ruas, onde moradores selecionados podem incluir fotos, vídeos e textos dentro dos mapas das suas ruas e contar um pouco da sua história por um ponto de vista mais pessoal, diferente do conteúdo biográfico histórico que vinhamos apresentando desde a criação do site, além de uma grande atualização no nosso cadastro de Negócios e Serviços.

E é aí que o site Copacabana.COM, ao completar 12 anos ininterruptos online em janeiro de 2008, gostaria de falar sobre a nossa parceria com a Google, que é uma empresa que dispensa apresentações!

O Copacabana.COM vem utilizando e testando as plataformas, APIs e serviços do Google desde o seu início.

Você já se acostumou a ver os links patrocinados dentro do nosso site que são fornecidos pelo AdSense que é um serviço do Google. Nós também, neste ano de 2007, começamos a utilizar a plataforma de programação do Google Maps para a criação dos mapas (mencionado acima) que faz muito sucesso, a plataforma de vídeos que usamos é a do YouTube (líder mundial) que também pertence ao |Google, o sistema de busca dentro do site Copacabana.COM é o Google Search, então nada mais natural que firmássemos uma parceira com o Google!

Nesta parceria o Copacabana.COM se tornou um ISP (Internet Service Provider) Partner do Google e com isso ganhamos a possibilidade de oferecer recursos que antes eram impossíveis.

Estamos oferecendo a todos os moradores de Copacabana, que se cadastrarem em http://nossa.copacabana.com a possibilidade de ajudarem a fazer parte do conteúdo do Copacabana.COM e como parte do pacote oferecemos uma suite de aplicativos com agenda, planilha e editor de texto online, messenger para conhecer e falar com seus vizinhos, página inicial personalizada e email voce@copacabana.com com 5 gigs de espaço! Inicialmente selecionaremos apenas 500 moradores que estejam interessados em colaborar, por isso corra e garanta logo o seu pacote Copacabana.COM/Google!

Nosso projeto para 2008 é fazer um site mais voltado para seus moradores, permitir que nossas páginas sirvam de veículo para suas histórias, suas imagens, que o Copacabana.COM seja a sua memória sobre o bairro de Copacabana!

Feliz 2008!

Marcelo Antelo
marcelo@copacabana.com

2007-12-25 11:28:59

Repousa em paz, meu irmão!

Lélio era meu amigo.

Amigo desde de sempre, me lembro dele, quando eu ainda era pequenininho. Irmão da minha mãe, esse era do bem... um sujeito sem mágoas, feliz do jeito dele, antes de ser meu tio era meu amigo!

Lélio, tinha muitos defeitos, e quem de nós não os tiver que passe aqui depois prá pegar a medalhinha, mas era meu amigo querido e vai me deixar muitas saudades!

Ele morava aí, no posto 5 em Copacabana, mas tinha seu escritório bem ali nas pedras do Arpoador... às vezes me ligava de noite prá comentar as mumunhas da política, ah! E como ele gostava duma política! E dos seus filhos... nossa! Era louco de amor por eles, louco de amor pela vida!

E dessa forma Copacabana vai perdendo suas figuras.

2007-09-25 16:08:44

Matinés do Olímpico!

Tenho me dado conta da diferença de ponto de vista de quando a gente é criança e depois que a gente cresce. E quando eu falo em ponto de vista me refiro a parte geográfica mesmo, a altura dos olhos mais específicamente.

Lembro das matinés que eu frequentei em Copacabana! A minha primeira foi no Olímpico Clube que fica ali na Pompeu Loureiro. Meu pai me levou de carro ate a porta, eu tinha 13 anos recém-feitos, compramos os ingressos, e entramos naquele corredor que levava até o salão, o salão era enorme (daí a diferença na perspectiva, ele nem é tão grande) onde já tocavam aquelas músicas inesquecíveis... Sha na na na Sha na na na Hey Hey Kiss Him Goodbye...

No comando do som dois malucos que depois se tornaram lendas Ademir Lemos e Monsier Limá, hehehe! Procurei alguma foto do Olímpico nessa época (na verdade não achei nada de nenhuma!) e não rolou! Bebida? Droga? Nada disso ali o lance era dançar, zoar como se diz hoje em dia, isso era em 1975, geração cocota, pós-paz-e-amor! Tênis pampêro, calça Lee quatro botões, camisa ValSurf ou Hang Ten esse era o uniforme fora da escola de todo mundo!

E isso remete até as turmas das Ruas, que é um fenômeno muito interessante de Copacabana! Pela evolução das turmas de Copacabana podemos perceber a liberalização dos costumes e a mudança no comportamento social com a introdução das armas de fogo no início dos anos 80!

Nessa época eu morava na Rua Tonelero esquina com a Hilário de Gouveia, mas "andava" ali no Morrinho que fica ali na Rua General Barbosa Lima, tinham dois irmãos que andavam ali nessa época o Sérgio e a Cláudia... deixa prá lá! Bachman Turner Overdrive emplacava vários hits e na matiné a turma fazia duas filas com os meninos dançando de um lado e as meninas do outro... num efeito... digamos... interessante!

E não tinha essa parafernália toda de luz e som, mixagens, nada disso! Eram os sucessos rolando e a galerinha se divertindo prá voltar prá aula na segunda! Um tempo depois começaram os atos de vandalismo, brigas de turma depois da festa, brigas dentro do baile, até que acabou!

Depois veio a Tropicana no Canecão, mas aí eu já não me adaptei muito... era discoteca, e eu achei isso tudo muito esquisito! Aquilo num era dança de homem!

Depois o Limá voltou com a domingueira do Le Bateux, talvez em 78 (?), o fato que nessa época eu já andava na Hilário mesmo, e daí que ali eu estava em casa! Foi uma época muito legal, muito skate no Bairro Peixoto... surfe de peito em Copacabana, Posto 5... muita coisa proibida... muito show no Tereza Rachel! Foi num desses shows, que eu penetrei (depois eu conto mais detalhes!) do Pepeu Gomes, acho que foi o do disco Na Terra a Mais de Mil, aquele que tinha o Brilho da Malacaxêta, sei que ele entra no palco com o violão e diz:

- Galera, vou mostrar uma música que eu acabei de fazer agora há pouco... Você pode fumar baseado...

Vamos dizer que foi minha entrada "oficial" no Rock´n Roll... 1978 em Copacabana!

2007-07-23 10:53:43