Travessa Cristiano Lacorte, Copacabana, Rio de Janeiro 

A Travessa Cristiano Lacorte começa na Rua Miguel Lemos  e termina na Rua Djalma Ulrich.

Antiga Travessa Santo Expedito (atual Djalma Ulrich ) com a Rua Miguel Lemos.

Latitude, Longitude : (-22.9786311, -43.19152380)

 CEP da Travessa Cristiano Lacorte, Copacabana, Rio de Janeiro:

22071-010 Travessa Cristiano Lacorte

#Hashtag: #travessacristianolacorte

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Travessa Cristiano Lacorte em Copacabana

Travessa Cristiano Lacorte em Copacabana

Quem foi o Cristiano Lacorte que dá nome a esta Travessa em Copacabana?

Cristiano Lacorte, jovem líder da turma do Posto Cinco, no final dos anos 50. Mais tarde foi eleito vereador.

O texto abaixo de João Saldanha, extraído do livro "Futebol e Outras Histórias", edição especial para a agência de publicidade MPMSão Paulo, 1988, pág. 139, conta um pouco da história da turma do Posto Cinco.

Travessa Cristiano Lacorte em Copacabana

Travessa Cristiano Lacorte em Copacabana

"No Rio  vários e vários pontos ficaram famosos. Mas nenhuma esquina seguiu a fama da esquina da rua Miguel Lemos com avenida Copacabana. O prefeito no começo era o Cristiano Lacorte, já falecido.Cristiano, paraplégico, usava cadeira de rodas mas comparecia a tudo. Futebol, turfe, samba, comícios, tudo. A turma resolveu e Cristiano  foi um dos vereadores mais votados do Rio de Janeiro.

Depois, aquela esquina elegeu o Paulo Alberto, o Artur da Távola, e o Edson Khair. Nestas últimas eleições, Macaé, o atual "prefeito", apoiou Brizola, depois Saturnino e a Alice Tamborindegui. Todos foram eleitos. Não que a esquina tenha sido decisiva, mas de qualquer forma demonstra sua profunda sabedoria e experiência política.

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Uma série de fatos e ocorrências fizeram a esquina sempre mais famosa.

Ali teve e tem de tudo.

Andou sendo proibido o carnaval organizado nos bairros.

Menos ali, onde começaram bailes infantis e depois com tablado, orquestra e tudo, bailes de marmanjos. O futebol é um dos grandes assuntos da esquina, mas nunca saiu briga séria por este lado.

Uma democracia plena existe lá até hoje.

Os mais consagrados craques do futebol, locutores esportivos e outros fazem ponto na esquina.

E personalidades de "alto bordo", como juízes, dirigentes de clubes e das principais entidades esportivas do pais.

A esquina sempre esteve presente, ora por uns ora por outros, a todos os grandes fatos ou eventos nacionais e internacionais. E quando apareceu no Rio de Janeiro um programa de televisão chamado o "Céu é o limite" vários representantes da esquina foram lá ganhar prêmios grandes.

Havia piadas, apelidos sérios, e mesmo quando, após a revolução de 64, mandaram espiões para evitar qualquer propagação de idéias, em pouco tempo os "espiões" estavam integrados ao espírito comunitário e democrático da esquina.

Cristiano Lacorte

Cristiano Lacorte

Houve um importante delegado especializado em política que dizia, quando o papo esquentava: "Bem, tenho de ir andando porque minha velha está me esperando." E caía fora. De fato não seria conveniente ficar ali. Denunciar quem? E depois ter de sair dali?

Um dia, a esquina inteira se mobilizou. Foi quando um edifício ali perto foi apelidado de "edifício Silhueta".

Já era mais de meia-noite quando chegou na roda um garoto, com os olhos maiores do que um pires e disse, gaguejando: "Ali naquele edifício tem um casal... eu acho. Estão lá dentro, mas se vê tudo da rua." Era sábado e a roda estava imensa. Até dividida em duas ou três rodinhas de papo. Um fundador do Botafogo, um dirigente atuante do Fluminense, ex-jogadores do Flamengo, do Botafogo, e do Vasco, médicos, advogados, dentistas — dentistas então sempre estavam uns três ou quatro — estudantes de várias escolas, comerciários e comerciantes, todo mundo. Casa cheia. Todos correram na direção que o tal garoto indicara. A avenida Copacabana  encheu.

Travessa Cristiano Lacorte

Travessa Cristiano Lacorte

Veio o ônibus e teve de parar. Passar como? O chofer ia entrar na bronca, mas um dos organizadores da pequena multidão, que já estava se acotovelando, com gestos bem significativos, fez ver ao chofer do ônibus o que se passava. O chofer entendeu logo e ficou na paquera do lance. Algum passageiro estrilou, mas ele, sem tirar os olhos do lance, mostrou o que se passava. E o casal mandando brasa. A porta estava fechada. Mas a luz do saguão ou hall de entrada estava acesa. Bem acesa e forte. A porta era vidro fosco. Ora, a luz por trás do casal transmitia para a turma da rua a mais perfeita silhueta que se poderia desejar. E foi juntando gente. Um gaiato quis fazer onda, mas um tremendo e severo "psssssiu" lhe tapou a boca. Parecia uma tropa de comandos ou de assalto pretendendo pegar o inimigo desprevenido. Com o ônibus parado e mal parado, os carros iam parando e as indicações sempre diretas apontando para o evento e pedindo silêncio. Todos compreendiam logo e até casais que iam passando paravam para olhar a cena inédita. De repente, o casal lá de dentro parou rapidamente. A mulher, que estava sempre abaixada, meio de quatro, se arrumou depressa. A rua ficou no mais profundo silêncio. Um segurando o outro para ninguém invadir o lugar privilegiado de alguém que chegara primeiro. Mas não era nada de mais. O elevador fora acionado, o casal atuante teve de parar e de dentro do prédio saiu um cidadão. Uma vaia chegou a ser ensaiada, mas o "sinal" de silêncio foi mais forte. O cara saiu, ficou meio atônito de ver a rua tão cheia. E, ante os gestos e vozes surdas de "cai fora... cai fora..." , olhou para trás e entendeu tudo. Procurou se ajeitar ali pela frente, mais foi energicamente barrado. Arrumou um lugar mais atrás e toda aquela pressa da saída do edifício desapareceu. O casal lá dentro engrenou de novo. Do começo.

Fizeram tudo e de repente terminou. Um "oh...oh!" se fez ouvir. O cara do casal se arrumou, ela também. Ele deu um beijinho e veio para a rua. Mal a porta se abriu, uma tremenda ovação. Bateram palmas e saudaram o cidadão. Ele, meio aturdido, tomou a rua e se mandou, sumindo na primeira esquina da rua Miguel Lemos  em direção à rua Barata Ribeiro .

Desapareceu na noite e o papo bem entusiasmado voltou para a esquina. O ônibus foi embora e os carros puderam passar.

Fonte: João Saldanha, "Futebol e Outras Histórias", edição especial para a agência de publicidade MPM, São Paulo, 1988, pág. 139

A travessa Cristiano Lacorte fica entre as Ruas Djalma Ulrich e Miguel Lemos em Copacabana.

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