Rua Tonelero em Copacabana, Rio de Janeiro
A Rua Tonelero começa na Praça Cardeal Arcoverde e termina na entrada do Túnel Major Rubens Vaz.
Existe uma saída da Estação de Metrô Cardeal Arcoverde na Rua Tonelero em frente ao n° 30. É uma rua residencial na maior parte, com poucos comércios de rua, e que hoje abriga vários hotéis e pousadas se transformando num representativo pólo de turismo de Copacabana.
Latitude, Longitude : -22.9661868, -43.18438880
CEP da Rua Tonelero em Copacabana, Rio de Janeiro:
22030-000 Rua Tonelero
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Estações de Metrô perto da Rua Tonelero
Estação de Metrô Cardeal Arcoverde na Rua Barata Ribeiro em frente ao n° 181
Estação de Metrô Cantagalo na Rua Barata Ribeiro em frente ao n° 834
Lista de Restaurantes na Rua Tonelero
Vários restaurantes na região da Rua Tonelero, existem outros mas optamos por indicar os mais perto da rua.
O Peixe Vivo - Rua Tonelero, 76 - telefone 22559225
Farroupilha - Rua Anita Garibaldi nº9 - telefone 78198089
Al Saraya - Rua Anita Garibaldi, 30 - telefone 22357177
Kitutes da Deusa - Rua Figueiredo Magalhães, 581 - telefone 25470362
Bella Blú - Rua Siqueira Campos, 107 - telefone 22572041
A Polonesa - Rua Hilário de Gouveia, 116 - telefone 25477378
Lista dos Hotel, hostel e apartamentos por temporada na Rua Tonelero
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Por que a Rua Tonelero em Copacabana tem esse nome?
Denominada de Passagem de Tonelero, no Rio Paraná, efetuada por uma Divisão Naval brasileira realizada no dia 17 de dezembro de 1851. A Armada sob o comando do Almirante Grenfell forçou a passagem de Tonelero e desembarcou o exército, cuja divisão brasileira era comandada pelo brigadeiro Manuel Marques de Souza depois conde de Porto Alegre, contra as forças argentinas do ditador Juan Manuel Rosas.
Outro episódio famoso e importante na história do Brasil relacionado com a Rua Tonelero foi o do atentado contra Carlos Lacerda, em 1954, no qual morreu o Major Rubens Vaz que culminou com o suicídio de Getúlio Vargas que detalhamos abaixo em texto de autoria do CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do Brasil.
O Atentado da Toneleros e o fim da Era Vargas
Em 3 de outubro de 1950, Vargas foi eleito presidente da República, tendo como vice João Café Filho. Logo após a divulgação dos resultados, a UDN exigiu a impugnação da chapa vencedora, alegando que os candidatos não haviam alcançado maioria absoluta, como determinava a Constituição.
Através da Tribuna da Imprensa, Carlos Lacerda foi um dos principais defensores dessa tese, que acabaria por ser derrotada em 18 de janeiro de 1951, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se pronunciou afirmando que a Constituição fazia referência apenas à maioria simples, confirmando dessa forma a vitória de Vargas.
Ao longo do governo Vargas, a Tribuna da Imprensa tornou-se porta-voz da oposição, encabeçando os mais violentos ataques ao governo.
A partir de 1951 Lacerda liderou uma campanha contra o jornal Última Hora, de propriedade de Samuel Wainer, acusando-o de obter ilicitamente um financiamento do Banco do Brasil de quase 250 milhões de cruzeiros antigos e se referindo ao caso como um "fenômeno de corrupção através da imprensa". Em abril de 1953, foi instaurada afinal na Câmara dos Deputados uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as transações efetuadas pela Última Hora. Essa comissão, controlada pela UDN, procurou sem êxito elementos que provassem o envolvimento de Vargas em crime de favorecimento àquele jornal e abrissem, dessa forma, a possibilidade de um impeachment do presidente.
Em agosto de 1953 Lacerda fundou no Rio de Janeiro o Clube da Lanterna, que tinha por objetivo combater o governo Vargas. Tornou-se seu presidente de honra. Em janeiro de 1954 foi criada, também no Rio de Janeiro, uma coligação partidária de oposição ao governo federal, a Aliança Popular contra o Roubo e o Golpe, tendo em vista as eleições legislativas e para o governo de 11 estados, fixadas para outubro daquele ano. Foi integrada por parlamentares da seção carioca do Partido Libertador (PL), do Partido Republicano (PR) e da UDN, e recebeu a adesão de Lacerda, que teve seu nome incluído na relação de candidato da aliança à Câmara Federal. O programa da nova agremiação constituía-se de três pontos básicos: o planejamento democrático, em oposição ao "dirigismo" estatal, a defesa da livre iniciativa e a ênfase no municipalismo.
Em 19 de maio seguinte foi realizada na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) a primeira reunião oficial do Clube da Lanterna, que estabeleceu como objetivo imediato a concentração de esforços para uma vitória oposicionista nas eleições de outubro. A campanha de oposição ao governo tornou-se mais intensa com a proximidade das eleições. Em junho Vargas foi acusado pela Tribuna da Imprensa de malversação de fundos públicos e chamado por Lacerda de "patriarca do roubo" e "gerente geral da corrupção no Brasil".
Em agosto, a situação política se agravou quando, na madrugada do dia 5, ao voltar de um comício no Colégio São José, no Rio, Lacerda foi alvejado na porta de sua casa, na rua Toneleros 180, em Copacabana. O atentado que se tornou conhecido como Atentado da Toneleros - resultou na morte domajor-aviador Rubens Florentino Vaz, integrante de um grupo de oficiais da Aeronáutica que dava proteção a Lacerda, que escapou com um ferimento no pé. Conduzido imediatamente ao Hospital Miguel Couto, recebeu a visita de vários políticos, repórteres e de Eduardo Gomes, então diretor das Rotas Aéreas da Força Aérea Brasileira (FAB), unidade onde trabalhava Rubens Vaz. Nessa ocasião, responsabilizou o governo pelo atentado e ainda no dia 5 afirmou na Tribuna da Imprensa que "elementos da alta esfera governamental" estavam implicados no crime.
No dia seguinte, o presidente do Clube de Aeronáutica, brigadeiro Inácio de Loiola Daher, convocou uma reunião que contou com a presença de cerca de seiscentos oficiais do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, da qual resultou um comunicado exigindo a completa apuração do atentado.
Atentado na Rua Tonelero - JORNAL DO BRASIL - Arquivo JB
JORNAL DO BRASIL - Arquivo JB
Atentado contra Carlos Lacerda
05/08/1954 – O atentado contra o jornalista Carlos Lacerda, que atacava impiedosamente Vargas nas páginas da Tribuna da Imprensa, foi decisivo para o isolamento definitivo do presidente. Lacerda chegava de carro à sua residência na Rua Tonelero, em Copacabana, acompanhado de seu filho e do segurança, o major da Aeronáutica Rubens Vaz, quando dois pistoleiros dispararam e fugiram em um táxi. Lacerda levou um tiro no pé e Vaz morreu. O jornalista culpou Vargas pelo atentado e os militares imediatamente se voltaram contra o presidente, juntando-se àqueles que exigiam sua renúncia.
Ordem partiu de Gregório Fortunato
17/08/1954 – O Inquérito Policial Militar encarregado de apurar o crime da Rua Tonelero concluiu que Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal de Getúlio Vargas, foi o mandante do atentado. Segundo o depoimento dos pistoleiros presos, fora ele que encomendara a morte de Lacerda. O gaúcho Fortunato serviu Vargas por mais de 30 anos. Primeiro como soldado na Revolução de 30 e, depois do Estado Novo, na guarda pessoal do presidente. Seu prestígio era tal que lhe chamavam de “ministro da Defesa Pessoal do Presidente”.
A crise político-militar que já se delineava foi agravada logo no início das investigações, a cargo da polícia civil: no dia 7 de agosto, o motorista de táxi Nélson Raimundo de Sousa - que informara à polícia que o autor do crime havia fugido em seu carro - prestou depoimento incriminando um membro da guarda pessoal de Getúlio, Climério Euribes de Almeida. Em 9 de agosto Lacerda assinou um violento editorial na Tribuna da Imprensa exigindo a renúncia de Vargas. Dois dias depois, durante o encontro secreto que manteve com o vice-presidente Café Filho no Hotel Serrador, propôs-lhe que pressionasse Vargas a renunciar e que assumisse a presidência da República. Sugeriu ainda que tentasse obter o apoio do ministro da Guerra,general Euclides Zenóbio da Costa, assegurando-lhe a manutenção dos quadros militares existentes, caso assumisse a presidência.
No dia 12, Lacerda lançou um editorial na Tribuna da Imprensa exortando as forças armadas a exigirem a renúncia de Vargas. As dimensões assumidas pelo episódio levaram o ministro da Aeronáutica, brigadeiro Nero Moura, a autorizar, nesse mesmo dia, a instauração de um IPM . A partir daí, as investigações foram conduzidas com total autonomia e os interrogatórios e depoimentos passaram a ser realizados na base aérea do Galeão, o que deu origem à expressão "República do Galeão". No dia 13 de agosto, soldados da Aeronáutica prenderam Alcino João do Nascimento, que prestou depoimento confessando a autoria do crime e implicando Climério Euribes de Almeida e Lutero Vargas, filho do presidente, em sua preparação.
Com a confirmação do envolvimento da guarda pessoal do presidente no atentado, a oposição intensificou sua campanha exigindo a renúncia de Vargas. A bancada udenista na Câmara, liderada pelo deputado Afonso Arinos de Melo Franco, passou a colocar sistematicamente o assunto em discussão.
Consulte o IPM do Atentado clicando aqui
No dia 18 de agosto ocorreu a prisão de Climério Euribes de Almeida, que confessou ter sido contratado por Gregório Fortunato - chefe da guarda pessoal e homem de confiança de Getúlio - para eliminar Lacerda. No dia 19, o Clube da Lanterna dirigiu um apelo a Zenóbio da Costa para que as forças armadas promovessem a deposição do presidente.
No dia 22 a exigência da renúncia de Vargas começou a generalizar-se nos meios militares. Em reunião no Clube de Aeronáutica, os brigadeiros lotados no Rio assinaram um manifesto nesse sentido, que foi transmitido a Vargaspelo marechal João Batista Mascarenhas de Morais, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA). Diante da gravidade do momento, na noite de 22 Lacerda se transferiu com a família para a base aérea do Galeão. Em 23 de agosto a situação tornou-se crítica com a decisão da alta oficialidade da Marinha de apoiar a exigência da Aeronáutica e com o lançamento do Manifesto dos Generais, documento assinado por 30 generais do Exército endossando a decisão dos brigadeiros. Ainda nesse dia, em discurso pronunciado no Senado, Café Filho rompeu publicamente com o presidente.
Isolado politicamente e na iminência de ser deposto, Vargas suicidou-se em24 de agosto de 1954.
Ao ser divulgada a notícia, vários jornais antigetulistas foram depredados no Rio e populares tentaram empastelar a redação da Tribuna da Imprensa. Enquanto isso, Lacerda era escoltado por oficiais da Aeronáutica até a casa de um amigo, na Ilha do Governador, onde permaneceu por quatro dias.
A grande mobilização popular que se seguiu à morte de Getúlio desarmou a ofensiva contra o governo e tornou inviável a consumação de uma ofensiva militar. Café Filho assumiu de imediato a presidência da República, privilegiando, na composição dos quadros de seu governo, setores políticos e militares identificados com a UDN. Os ministros de Estado, presidentes de autarquias e ocupantes de cargos de confiança ligados ao PTB e ao PSD, foram substituídos por elementos próximos à UDN ou por pessoas sem vínculos partidários.
Apesar da comoção causada pela morte de Vargas, o inquérito sobre o Atentado da Toneleros foi reaberto ainda no mês de setembro. Entretanto, somente em outubro de 1956 os acusados seriam julgados e condenados a penas que variaram de 11 a 13 anos de reclusão.
Consulte o IPM do Atentado clicando aqui
Depoimento do jornalista Otávio Bonfim (16 maio 1992)
"Na noite do dia 3 de agosto, Lacerda realizara um comício no pátio do Colégio São José, na Tijuca, um dos mais conceituados estabelecimentos de ensino do Rio de Janeiro de então. Como sempre, fora feroz nos ataques ao Presidente Getúlio Vargas, conforme relataram os repórteres que cobriram o encontro político. Essa seria a principal matéria da edição do dia seguinte do Diário Carioca (DC) um jornal pequeno mas de muita força política e que fazia do antigetulismo sua razão de ser. Armando fora um dos repórteres destacados para cobrir o comício. Quando ele acabou de escrever a matéria, ficamos ainda conversando na redação (Av. Rio Branco, no 25) com o Prudente de Morais Neto (Pedro Dantas), comentarista político do jornal. Eu trabalhava na sessão internacional e Deodato no esporte. Este possuía um velho Packard, um carrão com estribo.
Já passava da meia-noite quando deixamos a redação. Armando ia na frente, ao lado do Deodato. Eu ia atrás. Entramos na Toneleros pela Praça Arco Verde, onde começa. A iluminação só era boa no centro da rua; junto aos prédios, imperava a penumbra. O prédio onde morava o Nogueira (vizinho ao do Lacerda pelo lado esquerdo de quem está de frente) ficava praticamente no meio da quadra. Uma longa quadra, que vai da Rua Paula Freitas até a Siqueira Campos. Pelo lado esquerdo de quem sobe a Toneleros, entre essas duas ruas fica a Hilário de Gouveia, onde há uma delegacia de polícia, entre a Toneleros e a Praça Serzedelo Correia.
Ao cruzar a Paula Freitas, Deodato diminuiu a marcha do carro. Armando - bom papo - conversava com Deodato. Eu olhava para fora. Foi quando vi o Lacerda, um homem de bom porte físico, figura inconfundível. Ele estava em companhia do filho Sérgio e conversava com um homem jovem (Vaz), que estava encostado num carro pequeno. Lacerda estava de frente para a rua e Vaz de costas. Lembro-me de ter dito: "Seria fácil atirar no Lacerda". O carro do Deodato seguia lentamente e pararia a uns três metros adiante.
Quando cruzamos o carro parado (de Vaz), Sérgio seguiu em direção à porta da garagem. Lacerda gesticulava muito. Quando Deodato parou o carro, em frente ao prédio onde morava o Armando, este desceu e continuou conversando com o Deodato. Eu olhava para fora, pelo vidro traseiro. Lacerda despediu-se do homem (Vaz) e seguiu em direção à garagem. Vaz começou a andar no sentido da traseira do carro para assumir a direção. (Não chegou a entrar nele.) Nesse momento vi uma pessoa no meio da rua, empunhando um revólver (Alcino). Os tiros começaram quase que imediatamente. Vaz foi atingido ao descer o meio-fio e caiu pesadamente. Tenho a impressão de que ele não viu o que ocorria.
Depois de abater Vaz, Alcino atira na direção seguida por Lacerda, que, instintivamente, procura proteção junto ao muro da garagem. Ele percebe que o filho está a salvo dentro da garagem. Saca o revólver e começa a atirar em Alcino, que, esgotado o tampo de sua 45, sai correndo pelo meio da rua iluminada até a Paula Freitas, onde um táxi o aguardava. Com o pistoleiro em fuga, Lacerda entra na garagem. Vi tudo pelo vidro traseiro do Packard do Deodato. Armando, do lado de fora, instintivamente subiu no estribo do carro e disse: "Atiraram no Lacerda". As outras três pessoas (dois homens e uma mulher) que estavam próximas procuraram abrigo junto a uma árvore.
O instinto jornalístico funcionou imediatamente. Deodato movimentou o carro, com o Armando no estribo, até um botequim na esquina da Toneleros com a Rua Siqueira Campos, para telefonarem para o DC. Saí do carro e fui ver quem estava caído. Fui o primeiro a chegar junto a Vaz, que arquejava, já nos estertores da morte. Instantes depois, Lacerda sai pela porta principal do prédio onde morava e caminha em direção a Vaz, onde eu já me encontrava. Ele caminha normalmente e diz, com o vozeirão de barítono: "Pelo amor de Deus, vamos socorrer este moço, um pai de família".
Um táxi passava pelo local. Simultaneamente, Lacerda e eu fizemos sinal para que parasse. Lacerda implorou ao motorista: "Vamos levar este moço para o hospital. Ele não pode morrer". O motorista acede e desce do carro. Lacerda segura Vaz pelas pernas e eu pelos ombros (era pesado). O motorista ajuda e segura a vítima pela cintura. Colocamos Vaz no banco traseiro do carro grande. Nessa altura Sérgio Lacerda tinha aparecido. Não me lembro ao certo quem seguiu no carro. Penso que foi o Lacerda. O motorista dizia que não iria sozinho, pois "não queria ter complicações".
Armando telefonou do botequim para o DC, onde Pompeu de Sousa, chefe da redação, já terminara o fechamento do jornal e conversava com Prudente de Morais Neto. Pompeu determinou que fôssemos à redação para escrever a reportagem. "Nós vimos o atentado a Lacerda". Foi um texto a duas mãos (do Armando) e três cabeças. O jornal abafou no dia seguinte, com a foto de seus três repórteres na primeira página. Tivemos que narrar os fatos inúmeras vezes, inclusive na Delegacia de Polícia Especializada e na "República do Galeão". Sempre ouvíamos o comentário: "A sorte de vocês é que trabalham para um jornal antigetulista. Se fossem da Última Hora de Samuel Wainer, amigo de Getúlio, seria difícil explicar como estavam no local do atentado, na hora exata".