Rua Timóteo da Costa, no Leblon, Rio de Janeiro
A Rua Timóteo da Costa começa na Avenida Visconde de Albuquerque e termina na Rua Sambaíba.
GeoLocalização:
Latitude, Longitude : (-22.985841, -43.2320142)
CEP da Rua Timóteo da Costa, Leblon, Rio de Janeiro:
22450-130 Rua Timóteo da Costa
#Hashtag:
#ruatimoteodacosta
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Quem foi Timóteo da Costa que virou nome de rua no Leblon?
Artur Timóteo da Costa (1882-1923). Nascido e falecido no Rio de Janeiro. De origem humilde, irmão mais moço de João Timóteo da Costa, conheceu muito novo o cenógrafo italiano Oreste Colliva, com quem passou a trabalhar. Os cinco anos de atividade teatral talvez expliquem certas singularidades de sua arte, como a dramaticidade, o jogo de luz e sombras, alguns efeitos espaciais e sobretudo certa improvisação e a agilidade técnica, evidentes por exemplo no quadro com que ganhou o prêmio de viagem à Europa em 1906 - Antes da Alelúia.
Como tantos dos pintores de seu tempo, Artur Timóteo da Costa foi aprendiz na Casa da Moeda do Rio de Janeiro, então dirigida por Enes de Souza, amigo e protetor dos artistas e descobridor de vocações, de quem João Timóteo diria a Angione Costa, muitos anos mais tarde:
- Enes de Souza foi no Brasil um verdadeiro mecenas, e muitos artistas só se fizeram tais, porque tiveram a sorte de encontrá-lo, nos primeiros postos da carreira, quando os golpes fortes da adversidade podem desviar uma vocação. Essa grande inteligência dirigia a Casa da Moeda e com os recursos de que dispunha procurava descobrir, nas crianças, nos aprendizes, nos operários, indícios de inteligência, inclinação por qualquer arte, para cultivá-la, estimulá-la, desenvolvê-la. Nós, artistas, figurávamos nas folhas de aprendizes e o éramos, de fato, aplicando uns a sua atividade em desenhos de máquinas, outros em desenhos de moedas e selos, em tudo que fosse obra útil e pudesse justificar a nossa presença em folha. A Casa da Moeda era para nós como que um semi-internato. Entrávamos pela manhã, à hora dos demais empregados da nossa classe, íamos para o trabalho, para as lições dos cursos e, à hora da aula na Escola de Belas Artes, para lá nos encaminhávamos, regressando ao terminar os trabalhos, para assinar o ponto de saída. Dirigindo por essa maneira singularmente inteligente a Casa da Moeda, Enes de Souza fez mais, pelo Brasil, durante a sua direção, que todos os cumpridores de regulamentos e burocratas que por lá têm passado.
Em 1894, graças à compreensão de Enes de Souza portanto, Artur Timóteo da Costa matriculava-se na Escola Nacional de Belas-Artes, estudando nos próximos anos com Daniel Bérard, Zeferino da Costa, Rodolfo Amoedo e Henrique Bernardelli. Seu primeiro envio ao Salão, em 1905, passou desapercebido, mas já em 1906 merecia menção de 1º grau, e no ano seguinte, com a desistência de Eduardo Bevilacqua, a quem fora atribuída pelo júri a viagem à Europa, conquistava a importante láurea, como já dissemos com a composição Antes da Aleluia. Gonzaga Duque, comentando tal obra, achou-a "tela movimentada, de muitos agrupamentos e infelizmente não terminada", reconhecendo no seu jovem autor alguém "talhado para ser um grande artista". Essa acusação de Gonzaga Duque, de obra não-concluída, leva a crer não tivesse entendido a novidade do estilo de Artur Timóteo, nervoso e apaixonado, preocupado apenas com o essencial, e por conseguinte abandonando, como desnecessárias ou prejudiciais, minúcias de acabamento.
Na Europa, Artur Timóteo da Costa fixou-se em Paris, percorrendo mais tarde Itália e Espanha. Chegou a expor no Salon antes de regressar ao Brasil, logo embarcando novamente para o Velho Mundo, comissionado pelo governo para decorar, com uma grande equipe de pintores, o pavilhão do Brasil na Exposição de Turim de 1911.
Continuando a expor no Salão, nele conquistaria pequena e grande medalha de prata (1913 e 1919) e pequena medalha de ouro (1920). Logo em seguida sua personalidade entrou em rápido processo de desagregação, que culminaria com sua morte, com pouco mais de 40 anos, no Hospício dos Alienados do Rio de Janeiro, a 5 de outubro de 1923.
Artur Timóteo da Costa foi pintor de paisagens e figuras, destacando-se entre essas nus e retratos. Algumas de suas paisagens impressionam pela textura, pela luminosidade e pela intensidade do colorido, e motivaram a críticos preconceituosos juízos equivocados, como o de Acquarone e Queirós Vieira que, em Primores da pintura no Brasil chamam a uma pequena mancha de 1920 de "alucinação de cores e de tintas berrantes". Em Docas do Velho Mercado, também de 1920, de novo aparece a execução plena de agilidade, combinada ao desenho econômico e ao corte original, nenhuma importância sendo concedida à anatomia dos minúsculos personagens, reduzidos a meras manchas de cor. Há, inclusive, algum parentesco entre tal pintura de Artur Timóteo da Costa e aquelas, executadas 15 anos mais tarde no Arsenal de Marinha por José Pancetti!
Recriminou-se a Artur Timóteo da Costa o desenho deficiente e o imperfeito modelado. Virgílio Maurício, por exemplo, escreveu sobre os nus que o que lhes compensava as berrantes falhas de desenho e volumetria era o vívido colorido. Desde muito antes, Gonzaga Duque implicara com o que chamou de desarticulações e deslocamentos de pernas e tronco do personagem da pintura Livre de Preconceitos. Na verdade, Artur Timóteo, temperamento agitado ao extremo, nunca pautou sua arte pela cega obediência aos cânones acadêmicos, pouco lhe importando a fidelidade ao modelo ou a plasticidade de suas figuras.
Toda a sua preocupação ia, muito ao contrário, para a cor e a textura, e através delas, para a expressão.
Artista dos maiores do seu tempo, é significativo que tenha morrido mais ou menos pela mesma época da Semana de Arte Moderna, ele que certamente foi um autêntico precursor do modernismo no Brasil.
Como pintor das primeiras décadas do século, este artista vive um momento de transição da linguagem plástica no Brasil, com tendência ao abandono dos cânones da pintura acadêmica.
Esta flexibilidade está, sem dúvida, presente no conjunto da obra de Artur Timóteo da Costa, cujo trabalho consolida as experiências impressionistas no Brasil, em pintura que teria desdobramentos fauvistas, por volta de 1929 e 1921, pouco antes de o artista terminar seus dias.
Fonte: CD-Rom "500 Anos da Pintura Brasileira" - Museus Brasileiros, vol. 6, Edição Funarte, Rio, 1982.