Rua Lacerda Coutinho, Copacabana, Rio de Janeiro

A Rua Lacerda Coutinho começa na Rua Tonelero  e termina na Rua Santa Clara.

É uma rua quase exclusivamente residencial (existe um hostel na rua), de pequena extensão e composta básicamente por casas de até dois pavimentos.

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Latitude, Longitude : (-22.9681706, -43.19079090)

 CEP da Rua Lacerda Coutinho, Copacabana, Rio de Janeiro:

22041-030 Rua Lacerda Coutinho

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Restaurantes na região Rua Lacerda Coutinho

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A Lista e Reserva dos Hotéis na região da Rua Lacerda Coutinho

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Quem foi o Lacerda Coutinho que nomeia esta rua em Copacabana?

José Cândido de Lacerda Coutinho, médico sanitarista, poeta satírico e erótico brasileiro, nasceu no dia 15 de dezembro de 1841, em em Desterro atual Florianópolis, Santa Catarina  (1842-1900). Filho de João Francisco de Sousa Coutinho e de Cândida Júlia de Lacerda Coutinho. Casou com Adelindes da Silva Coutinho, filha de João José Coutinho e de Maria Henriqueta da Silva Coutinho. Foi presidente da Comissão Sanitária da freguesia do Engenho Novo.

Aos 26 anos formou-se médico pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1868. Participou da Guerra do Paraguai e exerceu vários cargos públicos comp deputado à Assembleia Legislativa Provincial de Santa Catarina na 18ª legislatura (1870 — 1871), deputado à Câmara dos Deputados do Brasil pela província de Santa Catarina na 1ª legislatura (1891 — 1893) e também é o patrono da cadeira 23 da Academia Catarinense de Letras.

Foi também poeta satírico e erótico, mas a maior parte de sua obra só foi reunida postumamente (Rio, 1910).

Suas poesias eram populares, mas só foram editadas após a sua morte, como: Ovidianas e Páginas Soltas, além de poemas eróticos. 

Lacerda Coutinho morreu aos 58 anos de idade, no dia 2 de novembro de 1900, no Rio de Janeiro.

Abaixo exemplos da poesia de Lacerda Coutinho:

POESIAS ESCOLHIDAS

Eu cá não fui à festa, ao régio batizado.

Não quis ir e não fui; não sendo convidado,
Julguei teso o meu jus, o jus de cidadão,
E varri da lembrança o régio... massapão.
Não fui à festa, pois. Mas quando os repiquetes
Do alegre carrilhão e as salvas e os foguetes
Retumbaram no ar, pulou-me o coração;
E eu disse dentro de mim: lá vai o massapão!
E saltei de prazer, gritando: Ó José Bento!
Ministro sem rival! ministro d'espavento!
Bem, providência, luz desta feliz nação!
Das pastilhas do autor, autor do massapão!
Salve! Bem hajas tu, glória da nossa era!
A festa correu bem; mais do que bem... Pudera!
Que importa o vento, a chuva, tosse, a defluxão
Onde houver a granel: pastilhas, massapão?
Ora tinha que ver se, após tanta fadiga,
Tanto esforço e labor, tanta dor de barriga;
Tinha que ver, digo eu, se, ao cabo da função,
Não deita o José Bento o régio massapão!
A festa correu bem; são todos a afirmá-lo:
Foi um dia de truz! Não há, não há negá-lo:
Coisa que ele ideou, coisa em que ele põe a mão,
Por força que sai bem: sai mesmo um massapão.
Andará nisso azar? ou peculiar talento?
Talvez ambos? não sei; mas sei que o José Bento
Já por mais de uma vez que deita o massapão.
E sobre isto é uma só e a mesma a opinião.
Ó Rosendo Muniz! tu que tens celebrado
Quanto é grande e potente e rico e agaloado,
Empunha a lira d'ouro e exalta em fabordão
O cândido vestido, o régio massapão,
os cueiros principescos,
O círio, os seus dobrões e os vários arabescos.
Mas, vate, por quem és, carrega-me essa mão
No ponto principal - no régio massapão.
Pinta-mo a toda luz, cercado de pastilhas,
Qual soberbo peru, num prato de lentilhas,
Louro e fumante ainda; altivo e cortesão;
Um massapão de rei; um grande massapão.
Há hi
louro a ceifar; à ceifa, ó vate caro!
Lustra anda o teu nome exímio, já preclaro;
Da geração, por vir o pasmo, a gratidão
Teu busto esculpirá talvez em... massapão.

O massapão (Oferecido ao colega Bob - Interessante notar que este pseudônimo, Bob, é muito utilizado por autores da literatura brasileira. Olavo Bilac, por exemplo, usaria esta alcunha para assinar Contos para velhos, libreto satírico publicado pela primeira vez em 1897.

 

A toalha infantil 

(Publicado, pela primeira vez, no Mosquito, de 11 de dezembro de 1875, sob o pseudônimo de Antonino Pio)

Latet anguis!...

Quando eu soube, há já tempo, que um ministro
Mais déspota que um rei,
Fizera, contra a lei,
Uma limpa geral na Relação,
(Não sei por que razão);
Puxei pelo talento e pelo beiço
E disse... a quem não sei:
"- Ora pois?
"O senhor Cansansão
"Sempre é homem que sabe o nome aos bois!"
Soube, depois, que um grande financeiro
Erguera a ponto tal
O Banco Nacional
Que o encalhara... em cima de outro banco,
Deixando (ó céus!) em branco
Quem lá metera incauto o seu dinheiro.
Pensei, e disse então:
"- Na verdade!
"O senhor Cansansão
"Tem tanta ronha
, quanta habilidade!"
Soube, enfim, que um notável estadista
Havia rejeitado,
No Conselho d'Estado,
Um lugarzinho tão apetecido
Que eu mesmo duvido,
Eu! o aceitara, sendo muito instado!
Pasmei!... E disse então:
- Anjo bento!
"O senhor Cansansão
Tem ainda mais ronha que talento!"
(Publicado, pela primeira vez, no Mosquito, de 19 de janeiro de 1876, sob o pseudônimo de Antônio Pio)

 

Contos instantâneos

I
De duas irmãs já viúvo
O pobre do Serzedelo,
Pretende ainda prendê-lo
A terceira da irmandade;
Pretende, sim... mas o frade
Não levou três em capelo.
II
O Braz curou-se da vista
E nada vê... Coisa rara!
Diz ele que o oculista
Tirou-lhe os olhos da cara.
Juiz consciencioso
- "Oficiais de justiça!
Façam clara esta gente!"
Gritava em certa audiência
Irritado o presidente.
"Se continua o barulho,
Fica a sessão encerrada;
É já a décima causa
Que julgo, sem ouvir nada."
Expediente acertado
De apaziguar um tumulto
Foi, certo dia, incumbido
Um militar, conhecido
Por grande sagacidade.
Chegou à praça da cidade
Onde estava o povo alçado;
Sobe a um lugar elevado;
Tira, cortês, o chapéu,
E ao atento poviléu
Diz com afabilidade:
"Meus senhores, tive ordem
De vir, com esta brigada,
Varrer a praça ocupada
De tudo o que for gentalha.
E, pois que a metralha
Chova sobre os delinqüentes,
Peço às pessoas decentes
Que busquem um lugar seguro;
Fiquem só os que eu procuro,
Fique só quem for canalha!"
Palavras não eram ditas,
Eis já tudo em debandada;
Não porque dessa brigada
Tivesse medo ninguém...
É que nesse ajuntamento
Não havia ninguém à toa,
Tudo aquilo - gente boa;
Pessoas muito de bem!

 

O frege

 

Dum frege à porta encostado,
Rabequista imundo, hirsuto,
Assassina o Poliúto,
D'harpa infame acompanhado.
Dentro, bêbado pasmado,
Fita ainda o corpo enxuto;
Cata pontas de charuto
Um rapaz esfarrapado.
Em suja louça grosseira,
Crepita a sardinha, a amaia
Qual mal sai da frigideira.
Grita o caixeiro:
"O seu Maia!
Feijão p'ra dois e olhereira!
E olha esse peixe que saia!"

 

Brincos infantis

 

Vozeiam no terreiro,
Alegres, as crianças.
Descamba o Sol; e as franças
Mal doira sobre o outeiro.
O rancho galhofeiro
Alterna jogos, danças;
Flutuam roupas, tranças,
No voltear ligeiro.
Acocorada a um canto,
Tirita a enferma avó,
Pertinho do fogão.
Cresce o folguedo; enquanto
A pobre velha, só,
Enrola uma oração.

 

A missa do Natal

 

Chega a missa do Natal;
Não tarda a tocar matinas.
Vão-se aprontando, meninas;
Já deu segundo sinal.
Despe Júlia o avental;
Maria calça botinas,
Traz rosas, cravos, cravinas
Ana, a preta, do quintal.
- Caiu-me um brinco! Esta agora!...
- Não me amarrotes, Florinha!
- Ai! dê-me um lenço, titia!
Toca o sino... Ana! - Senhora?
- Fecha a porta da cozinha!...
Vamos com Deus e Maria!

 

Ao sair d'aula

 

Ao sair d'aula, os rapazes
Vão fazendo traquinadas:
Batem às portas fechadas;
Pregam, em outras, cartazes.
Acordam brios pugnazes;
Perseguem, com apupadas,
Gente idosa os mais audazes.
Apedrejam cães e gatos;
Grita um; outro assobia;
Um pimpão canta vitória.
Mas o mestre aos tais gaiatos,
Por trás da rótula, espia,
afagando a palmatória.

 

A folia do divino

 

Uma bandeira encarnada,
Várias fitas multicores,
No topo, em ninho de flores,
Uma pomba prateada,
Uma rabeca safada,
Três ou quatro berradores,
Entre dois roucos tambores,
Viola desafinada,
Salva d'estanho e sacola
Com o emblema columbino,
Destinada à oferta, à esmola,
Isto e mais algum menino,
Que tenha gazeado a escola,
É ... a Folia do Divino.

 

O batizado

 

O padrinho, de pastinha,
Cabelo apartado ao meio,
Traje preto, sério e feio,
Na lapela - uma fitinha.
Traz pelo braço a madrinha,
Decotada, flor ao seio,
Toda sécia e no meneio
Fazendo pular a anquinha.
Na frente a carregadeira
Vai, com roupa domingueira,
Levando o novo cristão;
Este rompe em gritaria
Mas dão com ele na pia,
O vigário e o sacristão.

 

A festa da Penha

 

Nossa Senhora da Penha!...
Ai! famosa romaria!
Por que chegue o santo dia
Quanta gente não se empenha!
Ei-los partem... - "Se há quem tenha
Amor à pinga, à folia,
É rebocar a Maria
E... venha co'o demo! venha!"
À partida: fitas, flores,
Risos, petiscos, vinhaça,
Bandurras, cantos, amores;
À volta; arrufos, chalaça,
Roscas, registros, furores,
Tombos a rodo e murraça.

 

As barraquinhas

 

Anda a gente aos empurrões
Na feira das barraquinhas,
Onde há circos, argolinhas
E sortes por dois tostões.
Cabras, cabritos, leitões,
Perus, marrecos, galinhas,
Lenços, leques, gravatinhas,
Dedais, agulhas, botões,
Há de tudo ali na feira;
E, com grande vozeria,
Corre a rifa e a ladroeira.
Quanta alegre rapazia!
Quanta mulata faceira!
E quanta patifaria!

 

O descante

 

Alta noite, na rua deserta,
Que se banha num almo luar,
Aos acentos de meigo cantar,
A menina do sotão desperta.
À janela, de manso entr'aberta,
Vem a bela o descante escutar...
Ai! mal sabe o idílico par
Que o terrível tutor' stá alerta!
Requintando em agudos trementes,
Canta o bardo, ao tanger do violão:
"Trovador, o que tens? o que sentes?
Por que choras com tanta aflição?..."
Esi que se abrem da porta os batentes...
Foi-se a rima e roncou o bordão!

 

A botica

 

Gira, aqui e acolá, pançudo boticário;
Pesa drogas; mistura, em copo graduado,
Massas, líquidos, pós; remexe-os com cuidado;
Põe óculos depois; consulta o formulário;
Deixa agora o balcão; abre, de novo, o armário;
Tira um frasquinho; lê o rótulo gravado;
Expõe-no contra a luz e, tendo-o destampado,
Vai com ele ao nariz e torna ao receituário.
Ajudando o patrão, servindo à clientela,
Eis anda em roda viva o caixeiro também:
Dá, a este, um purgante; àquel'outro - macela.
É grande a concorrência; o dia estreou bem...
Entra uma velha e pede um vintém de canela;
Responde-lhe o rapaz: - Não se faz um vintém.

 

A fazenda

 

Situada à meia encosta, a casa de vivenda
estampa a alva fachada em fundo de verdura;
Aqui - horta, pomar; mais longe - uma espessura
De virgem mata; além - as terras da fazenda.
De oculta brenha sai, por uma estreita fenda,
Claro regato, e vem, rompendo a selva escura,
Formar um tanque; aí a sombra e a frescura
Dão mais sabor, no estio, à rústica merenda.
Do cabeço do monte, a vista descortina
as senzalas, o engenho, as roças, os currais
E os gados, que apascenta a ubérrima campina.
Quando a estação vernal floresce os laranjais
E enche de vida e amor as matas da colina,
Acorda o lavrador aos cantos matinais.

 

Noite chuvosa

 

Horas mortas; - a noite d'invernada;
Um aguaceiro cai de instante a instante;
Dos lampeões a luz tremelicante
Reflete, aqui e ali, a água empoçada.
De um vulto humano a sombra projetada
Ora segue, ora passa-lhe adiante;
Agora o faz anão, depois gigante;
Estampa-se nos muros; na calçada.
A lufada do vento, das beiras
E grimpas dos telhados assoprando
Sacode e espalha os pingos das goteiras.
Na encharcada, erma rua patinhando,
Caminha o vulto, a esbravejar asneiras
E a escorregar também, de quando em quando.

 

A regata

 

Enorme multidão em torno da baía
Se apinha a contemplar os páreos, disputados
Da gente estranha e pátria, em barcos tripulados
pela flor da maruja, em ajustando dia.
Dois batéis - Branco e Azul - contendem à porfia;
Por algum tempo vão correndo emparelhados;
Mas, instantes depois, já vão distanciados,
E, ora um, ora outro, alcança a primazia.
Té que afinal, exausta, a guarnição desmaia
No cerúleo escaler; alentam-se os rivais;
Apertam mais o remo, e acercam-se da raia.
O veloz batel branco abica em fim ao cais;
Imenso grito ovante estruge pela praia:
- O vencedor arvora as cores nacionais!

 

O terreiro

 

Faz um sol de rachar que esbraseia o terreiro.
Opressas, a arquejar, as aves encalmadas
Abrem as asas e o bico; algumas avisadas
Procuram refrigério à sombra do poleiro.
A dormitar no chão, estremece o rafeiro,
E, a trincar moscas, vinga as duras ferretoadas
Que o não deixam em paz. Em águas encharcadas
Dos marrecos mergulha alegre o bando inteiro.
O galináceo rei ergue o canto garrido;
Breve momento após, de uma cerca vizinha,
É, como em desafio o canto respondido.
Mas sucede cortar o espaço uma andorinha:
Solta o grito de alerta o galo precavido,

E a ninhada se esconde embaixo da galinha.

Rua Lacerda Coutinho esquina com Rua Tonelero

Rua Lacerda Coutinho esquina com Rua Tonelero

Uma tranquila e desconhecida Rua escondida atrás da Santa Clara: Lacerda Coutinho!

Pesquise e descubra mais!